Cartas escritas na madrugada #6
- CADRINE
- 10 de jul. de 2019
- 2 min de leitura
Em uma dessas madrugadas da vida que meu eu mais obscuro volta para esse eu de agora, cerra os olhos e diz palavras que em voz alta não seria capaz. Ao vento passivo e medrontoso dita e recita sentimentos escondidos e atenuados pelo o tempo, sentimentos esses que sob o clarão do sol uso para mediar e dar saídas aos outros. E onde fica eu? Ontem ficam as palavras que vão me encontrar, puxar minhas orelhas e dizer “ei, é por aqui e não por ali”. Esse espírito mãezona de ser, que sabe de tudo um pouco e se não souber vai lá e se esforça. Essa garra tua que não descansa e cessa, nem é suficiente ou é só paranoia de querer ser perfeita? Venha, sente aqui consigo mesma, ouça seus próprios conselhos. Ou você vai ficar aí destinada a resolver problemas que não são seus? Eu sei, eu sei, você pensa que se dar o luxo de parar para ser franca é um ato de egoísmo sentimental e transcendental. Uma boa menina sabe por onde ir, sabe que palavras usar, quando deve usá-las e aonde usar. E quando você vai aprender a parar de querer ser sempre boa para os outros? Quando você de fato vai se abrir e ser apenas você, sem configurações formatas por outrens? Daqui, de longe e um pouco perto consigo enxergar suas agonias de superar que os seus sentimentos ruins são apenas seus, pois eles não pertencem ao mundo. E você terá de lidar com eles de um modo particular, por isso não seja a garota que gasta tudo com os outros, deixe um pouco para você. Seja benevolente com sua própria saúde, e entre uma madrugada e outra você não vai mais precisar acordar atordoada pelos sinais que deixou passar na sua própria vida. Entre uma noite fria e solitária sem o menor sentido do que é viver perante as dores que não mais você carrega, e sim elas que te carregam, aí você vai perceber que há um milhão de pessoas que assim como você tiveram a perda de alguns alguéns!
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