DEPOIS DE UM CAFÉ

A encontrei na segunda esquina, pela manhã de um sábado radiante, e como falar sobre ela, naquele momento muitos iguais a mim não tinham nada a dizer. Despojada, maldosa e ainda assim única no quesito sutileza, era ela, que perante aquele dia e por mais dias adiantes iria dominar minha vida. E entre duas ou três palavras apertou-me a mão, não fez muita questão de demorar, foi como tinha que ser, rápida e ela mesma.

Ao meu redor algumas pessoas seguiam suas vidas normalmente, como previsto seus devaneios ultrapassaram o meu ser e atingiu a todos, desde o homem do café ao mecânico. Ela me proporcionou conhecer a mim mesmo em breves 3 segundos e junto com eles me levou para perto, como uma sereia encantadora que possui um poder tão inquestionável que até agora estão se perguntando porque eu fui de mãos dadas com aquela mulher de olhos negros profundos, cabelos ao vento e um casaco por cima dos mesmos.

O preto lhe caia bem, falando em cair, cai ao chão ao seu primeiro toque, meu corpo sentia-se inerte, como eu poderia fugir dela, e percebi que não poderia, que eu tinha que lhe entregar meu coração, todas as coisas boas e ruins que eram minhas agora eram um pouco dela, nossas.

Com o passar do tempo me questionaram porque, como eu poderia deixar acontecer assim, e novamente os porquês de ter caído tão cedo nos braços fortes daquela mulher. Ao tempo que uma de suas mãos afagava meus delírios a outra empunhava o cajado fazendo-me vomitar todas as borboletas do meu estômago. Tic- tac, tic-tac seus sapatos já diziam que era hora de levantar-se e ir para casa.

Quando de longe avistei mamãe, que dizia meu filho o que tu estais fazendo meu filho, com minha voz calma e serena eu a dizia mãe chegou a hora de ir a casa do Pai.