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Por que as coisas acontecem assim?

  • Foto do escritor: CADRINE
    CADRINE
  • 3 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

Hoje parece um bom dia para que eu possa me entender e conectar-me com coisas que vez ou outra deixei ali na estante, a espera de um puxão de orelha, ou para somente pensar “por que assim?” E pude perceber que não há um encaixe ou razão propriamente dita para que as coisas sejam como sejam, apenas ações e consequências. Eu ainda serei a mesma pessoa de sempre, afetada ou não pela saudade, o acumulo enorme de dela.


Ana carregava em si uma imensidade imensurável, cheia de tanto pudor, desejo, vida e saudades, era saudade para tudo quanto era tipo de faceta que ela poderia ter. O acumulo enorme de uma saudade de si, do que foi na infância perdida das outras crianças, a saudade de um certo banco na praça, que a permitia ver, viver e se sentir viva. Era saudade das irresponsabilidades juvenis, do café na mesa com cuscuz. Era saudade de casa, do lar e do mar. Era saudade do que tanto já viveu, era saudade do que também perdeu, do que morreu, do que dissecou e do enterrou... Era tanta saudade que Ana parecia só transpirar isso: saudade. E de tanta saudade, ela nem parecia ela, havia se tornado aquilo que sentia, que seu coração carregará por tanto tempo.

Ana e sua saudade da terra batida e molhada nos tempos de jejum, das tantas crianças que o nome nem lhe vinham mais na mente, mas que tanto menino por aí correndo, quem que decorará esses nomes afinal. Era uma saudade acometida de dor e gratidão, era saudade de um antigo amor, de um ente querido, dois ou três, era saudade da casa velha caindo aos pedaços, mas que apesar disso, ainda era um lar, sua casa.

E quem olhava para Ana possivelmente não entendesse o porquê de tanta confusão, porque essa menina nova e esperta se fazia sofrer tanto? Porque ela estava ali parada em uma linha atemporal dolorosa e difícil de lidar? Porque Ana escolherá ser assim mediante o que havia se passado?

Mas Ana não escolherá, sempre escolhiam por ela, quer fossem forças maiores ou as pessoas que a rodeavam, ela fora de fato tomada por tanta saudade que só vivia disso, e mais nada seria capaz de alimentar sua alma.

 
 
 

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