PESQUISA - OS ERROS ORTOGRÁFICOS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM TEXTOS CRIATIVOS LIVRES
- CADRINE
- 4 de abr. de 2019
- 25 min de leitura
Atualizado: 21 de jun. de 2019
INTRODUÇÃO
A ortografia como sendo parte importante do processo de ensino-aprendizagem e um objetivo unânime adotado por todos os professores de língua portuguesa busca aprimorar os conhecimentos gramaticais, o domínio das grafias e a própria língua. No entanto, os usuários da língua apresentam uma série de dificuldades ao dominar este conjunto de regras e normas, o que os leva a terem constrangimento ao grafar determinadas palavras.
A língua como sendo própria dos falantes finca uma dúvida quanto à capacidade dos usuários de usá-la, mas sim quanto ao seu domínio, visto que o domínio da ortografia denuncia o grau de escolaridade de seu falante, sendo, pois, capaz de identificar através de sua grafia seus níveis de aprendizagem. Este fato ocorre devido aos dialetos populares e próprios de cada país, estado, região ou cidade, de acordo com a diversidade imposta pelos contextos sociais fica de fácil visibilidade os desvios cometidos ao se escrever conforme se falar.
Diante de uma tamanha diversidade, dar destaque a ortografia permeia campos muito mais do que somente gramaticais; a semântica das palavras podem estar diretamente ligadas ou inversamente proporcionais, preocupar-se com a grafia requer preocupar-se com o sentido da palavra, que poderá vir a construção ou desconstruir uma frase, logo cabe um cuidado para se valer e prescrever na língua portuguesa, já que quaisquer palavras que se ditas de tal maneira e escritas diferente prejudicam a fidelidade da oração que se propõe ao leitor.
Contudo, não dominar as regras ortográficas não incide sobre o falante da língua portuguesa no geral, pois cotidianamente os usuários do português rementem-se ao fato de não saberem escrever, no entanto os mesmo não deixam de ser participantes e usuários da língua portuguesa. Delimitar a grafia como o critério único para ser um usuário da língua implicaria em altos índices de analfabetos. Pensando nisto, na preocupação de como a mesma vem sendo desenvolvida através das escolas e das aulas de língua portuguesa, a presente pesquisa de fins acadêmicos coletou dados para análise da ortografia dos alunos do ensino fundamental I de 5º a 9º ano.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O desenvolvimento das habilidades metalinguística destacou-se como um dos principais fatores para a efetividade do processo de ensino-aprendizagem e sua respectiva avaliação. Elementos como o domínio das regras ortográficas é um deles, pois alfabetizar requerer o uso das cartilhas de ortografia com suas extensas repetições, como também dominá-la para fazer parte do sistema e compreendê-lo. Conforme Morais, Leite e Kolinsky (2013) “o código ortográfico de uma língua é o conjunto das regras, simples e complexas, de correspondência grafofonológica ou fonográfica, historicamente constituído para a língua em questão” (p.22). Portanto, baseado no pensamento dos autores pode-se inferir o quão importante é o papel da ortografia dentro da sala de aula, todavia ensiná-la exige condições próprias para tal.
Tendo em vista o contexto social e histórico das escolas no Brasil podemos identificar dificuldades para a inserção do aprendizado de algo necessário, simples e complexo ao mesmo tempo como são as regras da grafia portuguesa, uma das tais dificuldades são as implementações de acordos ortográficos, esta modificação afeta o modo como os professores estruturam suas aulas e a maneira como o aluno irá reagir.
Em conformidade com o acordo ortográfico implementado em 1º de janeiro de 2016, as mudanças estabelecidas pretendiam desde os primórdios a igualdade do português nos oito países que falam o idioma, portanto o acordo não visava as melhorias de aprendizagem internas das instituições escolares, isto tornou a uma dificuldade de adaptação e aprendizagem, levando ao fato de muitos usuários da língua não possuírem o domínio da atual ortografia.
Por outro lado, o foco de desenvolvimento das escolas já não está mais pautado em repassar regras, manter o aluno na sala de aula perante o contexto social de diversas dificuldades acarreta na mudança de foco daquilo a ser ensinado, como pauta Luiz Carlos Cagliari:
“ A degradação escolar tornou-se um fato bastante comum, sobretudo em certos bairros de grandes cidades. Cercados por todos os lados, ameaçados pelos vizinhos traficantes, pelos pais dos alunos, pela organização escolar e até pelas novas metodologias, muitos professores alfabetizadores se viram perdidos justamente num lugar que deveria ser a sede da sabedoria. A ortografia, nesse contexto, já nem é mais uma preocupação imediata, um objetivo a ser alcançado: salve-se quem puder! ” (CAGLIARI, Luiz Carlos. 2002, p. 6)
Devido as condições escolares e por muitas vezes os materiais didáticos utilizados na abordagem de ortografia conceituam métodos ultrapassados para acompanhar uma prática em constante ritmo e mudança. A importância da mesma se dá durante o processo graficofonologico, visto que as maiores dificuldades apresentadas pelos usuários da língua portuguesas estão pautadas na diferenciação da grafia de palavras com sons idênticos, no entanto, com significados divergentes.
Para escrever ortograficamente correto faz-se necessário refletir e compreender o sistema, assim como o processar e construir espontaneamente as regras intituladas, para isto além de um bom processo de alfabetização é de suma importância os conhecimentos fonográficos. Pois é a partir do processo de construção espontâneo que aliado a grafia fonética dos fonemas que ocorrerá a composição da palavra.
Todavia, há casos em que os aprendizes fazem uso de sua consciência morfossintática para interligar e compreender as regras ortográficas, isto ocorre de maneira simples e intuitiva pelos fatores de conhecimento contextual. A consciência morfológica trata da habilidade de reflexão e manipulação da estrutura morfológica da língua, ou seja, reflete a respeito do sentindo e das unidades escritas que constituem as palavras, como apresentam o caso da palavra livro e suas ramificações (livrinho, livraria, livreiro).
Diante do contexto que é desempenhado na ortografia há regularidades postuladas no português a serem seguidas, uma delas é a relação biunívoca, contemplada pelas letras P; B; T; F; V; D, enquanto que a outra é a contextual, composta por M ou N, R ou RR, C ou QU, G ou GU, em que se faz necessário analisar na palavra qual letra vem antes ou depois, afim de usá-las da maneira correta, bem como ocorre também quanto a tonicidade das palavras no caso das vogais (O; U; E; I). Morais fundamenta isto como sendo as regularidades diretas da norma ortográfica.
Desenvolver habilidade metalinguísticas como a aquisição de regras contextuais exige o uso da consciência fonológica, ferramenta que facilita o desenvolvimento das regras contextuais e está presente na aquisição do sistema de escrita em seus aspectos alfabético e ortográfico.
A consciência meta textual é a ferramenta responsável para o desempenho dos aspectos aqui mencionados, mas desta vez presentes na produção textual, cabível a isto ela é estruturada na reflexão e compreensão que precisa ser feita pelo aluno para a melhor construção de seu texto, segundo (Spinillo & Martins,1997) ao elaborar as produções narrativas, que é o gênero mais utilizado durante o percurso escolar básico pode-se inferir uma facilidade maior ao observar e analisar os fatores metalinguísticos – como a ortografia – durante as atividades de produção textual.
Compreender o sistema de funcionamento do letramento/ alfabetização compreende circundar o sistema morfológico e fonológico dos indivíduos, portanto, está baseado na relação que há entre morfema e grafema, quando isto não ocorre temos o ato que ocasiona a falta de compreensão da fala e da escrita, conhecido por fase pré-silábica, pois é nela que se encontram erros como tal.
A INSTITUIÇÃO DE ENSINO
A presente pesquisa foi realizada na sede do município de Sobral, especificamente nas escolas municipais de ensino infantil e fundamental Paulo Aragão e CSTI Maria Dias Ibiapina nos dias 11 e 22 de fevereiro. Destacaremos aqui algumas informações sobre as escolas envolvidas, a escola Paulo Aragão está localizada na periferia da sede, no bairro Cohab II, na rua Caetano Figueiredo, com políticas de inclusão a educação, enquanto que o CSTI Maria Dias Ibiapina concentra-se um bairro demasiadamente novo da sede, logo podemos inferir que a implementação da escola é nova, datada em 28 de julho de 2017, como toda sua estrutura e já desde o início assumindo os papeis atuais da educação escolar que tem se feito presente nestes últimos anos.
PROCEDIMENTOS PARA COLETA E PRODUÇÃO DOS DADOS
Conforme o foco estabelecido que nos foi colocado, foi de fácil acessibilidade contatar professores de o ensino de língua portuguesa para o direcionamento do material de pesquisa ser repassado a escola. Antes de iniciarmos a pesquisa contatamos a superintendente do município para receber autorização e validar nossa pesquisa no ambiente escolar pretendido, a partir da autorização validada partimos para as escolas escolhidas com o material necessário.
Nós como pesquisadores e acadêmicos ficamos responsáveis por aplicar a 3 turmas diferentes o mínimo de 10 redações, este material consistia em uma redação descritiva entre 8 a 15 linhas para narrar “Como seria sua vida se você tivesse dez centímetros de altura”, a partir disto as folhas de redação compostas por um cabeçalho de identificação dos alunos, um espaço para a escrita narrativa, como também um espaço extra para aqueles alunos que se sentissem mais a vontades para escrever e por fim um registro do acadêmico aplicador da redação e o dia da aplicação.
Por meio da realização da pesquisa, após a aplicação e devolução do material a equipe buscou começar a revisar as redações, perante a desistência de um membro, e os percalços enfrentados a análise dos dados foi demorada, no entanto conseguimos ultrapassar as dificuldades e buscamos nas redações os erros ortográficos pautados na grafia, na fonologia e na gramatica dos alunos de 6º e 7º ano, a partir da correção das redações e separação dos erros constituímos o presente relatório para datar e distribuir os dados de acordo com o objetivo da pesquisa, analisar a ortografia dos alunos perante as relações fonologias de interferência ou não nas produções textuais do ensino fundamental de 5º a 9º ano.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quadro 1 – Erros decorrentes da interferência de regras fonológicas variáveis graduais
EXEMPLO 1:
Aluno: Maria Úrsula de Sousa
Escola: Paulo Aragão EF
Cidade: Sobral
Data de nascimento: 06/07/2007
Ano escolar: 6º ano
Fenômenos fonético-fonológicos
Exemplos
Apagamento do ‘r’ de infinitivo
Sentar > ‘senta’; Brincar > ‘brinca’
Harmonia vocálica
Colher > ‘culher’; comida > ‘cumida’
Monotongação
Cadeira > ‘cadera’
EXEMPLO 2:
Aluno: Natalia Rocha Ferreira
Escola: Paulo Aragão EF
Cidade: Sobral
Data de nascimento: 03/01/2008
Ano escolar: 6º ano
Fenômenos fonético-fonológicos
Exemplos
Metátese
Centímetro > ‘centimero’
Epêntese
Ninguém > ‘niguem’; Também > ‘tambem’; Alguém > ‘alguem’
Monotongação
Conseguiria > ‘consegeria’; Tranquilamente > ‘tranqulamente’
EXEMPLO 3:
Aluno: Marcos Gabriel Felipe da Silva
Escola: Paulo Aragão EF
Cidade: Sobral
Data de nascimento: 09/05/2003
Ano escolar: 6º ano
Fenômenos fonético-fonológicos
Exemplos
Apagamento do ‘r’ de infinitivo
Celular > ‘celula’
Harmonia vocálica
Sorvete > ‘sorveti’; Restaurante > ‘restouranti’
Monotongação
Pouco > ‘poco’; Depois > ‘depos’
Metatese
Shopping > ‘shophig’; Piscina > ‘pisina’; E > ‘i’
Assimilação
Diversã > ‘devercão’; Pizza > ‘pitiza’
Vocalização da líquida lateral
Palmeiras > ‘paumeiras’;
De acordo com a análise dos quadros de erros dos alunos do 6º ano podemos inferir a unanimidade em alguns erros, como a monotongação e a assimilação sendo as mais presentes dentre os demais.
EXEMPLO 4:
Aluno: Pedro Henrique Oliveira da Silva
Cidade: Sobral
Data de nascimento: 14/08/2006
Ano escolar: 7º ano
Fenômenos fonético-fonológicos
Exemplos
Apagamento do ‘r’ de infinitivo
Brincar > ‘brica’ (apagamento do /n/); Correr > ‘core’
Monotongação
Muita > ‘muta’;
Rotacionismo
Implicar > ‘empirica’
Metatese
Centímetro > ‘sentrimito’
Assimilação
Quando > ‘cuando’
Aferese
Estava > ‘tava’;
Epentese
Legal > ‘legual’; Brinquedo > briquedo;
EXEMPLO 5:
Aluno: RUAN PABLO GOMES RODRIGUES
Escola: CSTI Maria Dias Ibiapina
Cidade: Sobral
Data de nascimento: 19/07/2006
Ano escolar: 7º ano
Fenômenos fonético-fonológicos
Exemplos
Apagamento do ‘r’ de infinitivo
Brincar > ‘brinco’;
Monotongação
Remédios > ‘remedios’;
Assimilação
Crescia > ‘crecia’; Certo > ‘serto’;
Harmonia vocálica
Porte > ‘porti’;
APRESENTAÇÃO DOS PARTICIPANTES
EXEMPLO 1:
IDENTIFICAÇÃO
ITENS COM ERROS EXTRAÍDOS DAS REDAÇÕES
M. U. de S. – 6º ano E.E.F. Paulo Aragão.
Centimetro; culher; cadera; min senta; arvore; brinca; vizita; mae; cumida; vao; zuando; pra.
IDENTIFICAÇÃO
M. U. de S. – 6º ano E.E.F. Paulo Aragão.
TEXTO
“Bom se eu tivesse 1 centimetro de altura eu seria do tamanho das letras tinha que usar mini culher, mini prato, ir pra escola não vou poder me sentar nas cadera normais e sim na mini + pra min senta. Não ia dar mas pra min subir nas arvore e nem no mato sozinho. Não vou poder brinca com a minha cachorra se não ela me come. Não vou conseguir muito mexer no celular. Se chegar uma vizita ai minha mae oferece cumida ai o homem me come pensando que eu era comida. E as pessoas vao ficar me segurando e me zuando por ser baixo de mais. Mais o bom é que eu posso correr rápido e ganhar todas as corridas, brinca de esconde – esconde e não se esconder. ” (M. U. de S, 12 anos, 6° ano, E. E. F. Paulo Aragão)
CENTIMETRO (= CENTÍMETRO) – A palavra centímetro, proparoxítona, e assim composta: centi- + ―́metro, prov. por influência do francês centimètre (1793) (no sentido definido). Um trabalho com ortografia em sala deve, pois, levar em conta o elemento de composição ―́metro: “pospositivo, do subst. de orig. gr. metro 'unidade de medida, do gr. métron; segundo as finalidades do conceito de 'medida' (versificação, mensuração em geral, mensuração do sistema métrico decimal). /s/ - /en/ - /t/ - /im/ - /e/ - /t/ - /r/ - /o/
CULHER (= COLHER) – A palavra colher, paroxítona surgiu do francês cuillière, intitulada pelos árabes em Portugal como sendo o utensilio para cozinha. Está ligada ao verbo recolher, por tratar-se de uma ferramenta para colher os alimentos. Na sala de aula deve ser destacado a ligação de colher como sendo uma palavra derivada do verbo recolher, extinguindo o pensamento de que colher seria primitiva e levando o fato de cotidianamente estar associada sem o verbo. /c/ - /u/ - /lh/ - /é/
CADERA (= CADEIRA) – A palavra cadeira, de segmento quanto a tonicidade paroxítona, sendo também um ditongo decrescente (ei – vogal + semivogal) , tem como raiz a palavra do grego káthedra, ou catedral, que insinua o local de assento de autoridades importantes como os eclesiásticos e os professores. As cadeiras, aquela parte do corpo logo abaixo da cintura, levam esse nome porque são a parte que se acomoda ao sentarmos. /k/ - /d/ - /e/ - /r/ - /a/
MIN (= MIM) – O pronome pessoal oblíquo tônico, usado para substituir um substantivo que tem a função de objeto indireto. Deverá ser sempre precedido de uma preposição, (como: para, a, de e com, em). O mesmo é usado como sendo a primeira pessoa do singular, já o “min” refere-se à abreviação da palavra minuto, que mediante convenção mundial é estabelecido o uso das abreviações em letra minúscula. No caso presente, deveria ser utilizado o pronome pessoal do caso reto para indicar o discurso, mas devidos aos fins da oralidade o uso do pronome oblíquo é facilmente confundido com o do pronome reto, conforme a regra gramatical não se usa pronome oblíquo antes de verbo no infinitivo (ex: sentar). /m/ - /im/
SENTA (= SENTAR) – Verbo transitivo direto e pronominal da primeira conjugação terminado em “ar”. O apagamento da consoante /r/ alveolar se dá por fatores intrínsecos já estudados por Labov e também usados nas primeiras produções de Gil Vicente, estes defendem o apagamento da consoante como definições dos estilos contextuais, a profissão, a renda, idade e escolaridade, etc.... também contam como pontos importantes para a presença deste apagamento. Não há exatamente algo que justifique de fato o apagamento da marca de infinitivo pelo menos na Língua Portuguesa, mas esta prática se dá em outras línguas e tem vertentes fortes na sociolinguística. O fenômeno do apagamento do rótico final aos poucos foi se expandindo a outros estratos sociais e teve seus primeiros registros aqui no Brasil no século XIX. (200 Cadernos do CNLF, Vol. XIX, Nº 01 – Fonética, Fonologia, Ortografia, pág. 200) /s/ - /em/ - /t/ - /a/
ARVORE (= ÁRVORE) – A palavra arvore, composta por 3 sílabas, proparoxítona exige o acentuado agudo mediante a regra das palavras proparoxítonas no português, no entanto ocorre devido a herança latina uma tendência em transformar as palavras proparoxítonas em paroxítonas, como é o caso de LITTERA > LETRA, que tende a sofrer recortes. A etimologia de árvore está ligada ao Latim arbor, designada à qualidade daquilo que é erguido ou apurado. /a/ - /r/ - /v/ - /o/ - /r/ - /e/
BRINCA (= BRINCAR) – Verbo transitivo regular, sendo quanto a transitividade: direto, indireto e intransitivo, da primeira conjugação terminado em “ar”, possui origem latina vincunlum. O apagamento da consoante /r/ alveolar se dá por fatores intrínsecos já estudados por Labov e também usados nas primeiras produções de Gil Vicente, estes defendem o apagamento da consoante como definições dos estilos contextuais, a profissão, a renda, idade e escolaridade, etc.... também contam como pontos importantes para a presença deste apagamento. Não há exatamente algo que justifique de fato o apagamento da marca de infinitivo pelo menos na Língua Portuguesa, mas esta prática se dá em outras línguas e tem vertentes fortes na sociolinguística. /b/ - /r/ - /im/ - /k/
VIZITA (= VISITA) – Paroxítona, composta por 3 sílabas, derivada do verbo visitar de primeira conjugação. No presente trecho sofre a processo de substantivação pelo artigo “uma”. Embora o grafema S represente principalmente o som S, segundo as regras fonéticas e ortográficas da língua portuguesa, quando aparece no meio das palavras em posição intervocálica, ou seja, entre duas vogais, assume a pronúncia Z: casa, mesa, desânimo, liso... /v/ - /i/ - /z/ - /i/ - /t/ - /a/
MAE (= MÃE) – Redução da palavra mamãe, a palavra mãe é um monossílabo tônico terminado em “e”, tida como um ditongo decrescente (ãe). /m/ - /ã/ - /in/
CUMIDA (= COMIDA) – Palavra paroxítona, derivada do verbo comer, de segunda conjugação. A troca da consoante /o/ por /u/ é devido a oralidade. /c/ - /o/ - /m/ - /i/ - /d/ - /a/
VAO (= VÃO) – Monossílabo oxítona tônica, relativo ao verbo ir de terceira conjugação. /v/ - /a/ - /um/
ZUANDO (= ZUANDO) – Verbo de primeira conjugação terminado em “ar” equivalente ao ato de perturbação, geralmente usado na oralidade perante o contexto social da região nordeste é comum, assim como “implicar” e “intimar”. /z/ - /u/ - /an/ - /d/ - /u/
PRA (= PARA) – Preposição de contração per + a = para, enquanto que o pra é a forma reduzida da mesma, ambas formas estão corretas, mas de acordo com a ortografia da língua portuguesa o pra é aceito apenas na linguagem falada enquanto que comumente o para é utilizado para as produções escritas. /p/ - /a/ - /r/ - /a/
EXEMPLO 2:
IDENTIFICAÇÃO
N. R. F. – 6º ano. E. E. F. Paulo Aragão
ITENS COM ERROS EXTRAÍDOS DAS REDAÇÕES
Niguem; centimero; tambem; tranqilamente; alguem; consegeria; familia.
IDENTIFICAÇÃO
N. R. F. – 6º ano. E. E. F. Paulo Aragão
TEXTO
“ Se eu tivesse dez centimero de altura eu não iria conseguir nada por conta que eu seria muito baixa mas podia pegar tudo da mesa sem niguem me ver e tambem muitos pegadinhas e travessuras dava pra eu dormir tranqilamente na cama mas tambem seria bem fácil alguem pisar em cima de mim por conta do meu tamanho eu não consegeria pegar agua ou outra bebida na geladeira ia ficar bem chato mas eu agradeço a deus por meu tamanho não importa meu tamanho importa que esteja com minha familia. ” (N.R.F. 11 anos, 6° ano, E. E. F. Paulo Aragão)
CENTIMETRO (= CENTÍMETRO) – A palavra centímetro, proparoxítona, e assim composta: centi- + ―́metro, prov. por influência do francês centimètre (1793) (no sentido definido). Um trabalho com ortografia em sala deve, pois, levar em conta o elemento de composição ―́metro: “pospositivo, do subst. de orig. gr. metro 'unidade de medida, do gr. métron; segundo as finalidades do conceito de 'medida' (versificação, mensuração em geral, mensuração do sistema métrico decimal). /s/ - /en/ - /t/ - /im/ - /e/ - /t/ - /r/ - /o/
NIGUEM (= NINGUÉM) – A palavra ninguém vem do latim vulgar “*ne-quem, do lat. nec no sentido de 'nem, não' + quem ac. sing.masc. do pron.ind. quis no sentido de 'alguém'; a vogal da primeira sílaba nasalisou-se pelo contato com o n- e, devido ao novo contexto, fonológico engu- evoluiu para -ingu-“ São suas formas históricas:1268 nenguem, s.XIV nemguẽ, s.XV ninguem, s.XV nẽguẽ, s.XV nenguem, s.XV nymgem.(Houaiss, 2009) Informações gramaticais: “por ser um pronome indefinido substantivo, ninguém nunca é us. Junto a um subst., podendo ser seguido de atributos: não conheço n. capaz disso; n. de terno deixa de parecer formal b) esse pron. é indefinido, mas, por silepse, o adj. conexo pode adaptar-se à pessoa que ele representa: ninguém entre as moças estava habilitada para o serviço” (Houaiss, 2009). Vejam que a forma grafada pelo aluno corresponde à forma do século XV. /n/ - /in/ - /gu/ - em/
TAMBEM (= TAMBÉM) – No contexto dado, trata-se da grafia do advérbio (locução adverbial, “mas também” no contexto) também com a acepção de “inclusão; além disso, outrossim, da mesma forma”. Vem da contração ão bem. Eis as formas históricas: s.XIII tanben, s.XIV tã bẽ, s.XV tambem, s.XV também. Observem que, em determinado momento da história da língua portuguesa, não tinha acento gráfico na sílaba tônica. /t/ - /am/ - /b/ - /em/
ALGUEM (= ALGUÉM) – pronome indefinido. Algo e/ou alguém sobre os quais nada se sabe; cuja identidade não pode ser determinada; que não se consegue definir: cantava sempre para alguém; alguém furou o pneu do meu carro. Pessoa merecedora de respeito, estima e/ou consideração: eu quero ser alguém.s.m. Um indivíduo, um sujeito, uma pessoa: aquele alguém sobre o qual falávamos já não está mais entre nós. Etimologia do latim: aliquem, que assim como a palavra também por ora nos séculos passados teve um momento em que não apresentou acentuação. /a/ - /u/ - /gu/ - em/
CONSEGERIA (= CONSEGUIRIA) – Verbo conseguir da terceira conjugação terminado em “ir”, transitivo direto, indireto e transitivo direto e indireto. Vindo do latim consegui assim composta: preposição com + o verbo seguir, do protoindoeuropeo *sekʷ-, com o mesmo significado. No português remete-se a terceira conjugação dos verbos. O verbo conseguir apresenta formas irregulares no presente do indicativo, presente do subjuntivo e imperativo. Essas formas irregulares são escritas com o radical consig-: eu consigo, que ele consiga, que eles consigam, consigam eles... /c/ - /on/ - /ce/ - /gu/ - /i/ - /r/ - /i/ - /a/
FAMILIA (= FAMÍLIA) – O termo família veio do latim famuli, é uma palavra paroxítona terminada em ditongo crescente “ia” (semivogal + vogal), por isto é acentuada graficamente. /f/ - /am/ - /i/ - /l/ - /i/ - /a/
EXEMPLO 3:
IDENTIFICAÇÃO
M. G. F de S.– 6º ano. E. E. F. Paulo Aragão
ITENS COM ERROS EXTRAÍDOS DAS REDAÇÕES
Soveti; shophing; devercão, paumeras; pisina; poco; restouranti; depoes; célula;
IDENTIFICAÇÃO
M. G. F. de S, 6º ano. E. E. F. Paulo Aragão
TEXTO
El comeria um soveti ia pro shophig pro parque de devercão la para as estrelas unidos e pra praia pro paumeras toma banho de pisina e de poco eu ia compra uma pitiza depoes e para um restouranti. Com minha família depoes eu ia para casa joga no meu celula compra um giga carde para jogar eu ia joga muito. Ver maio porque de devercão do mundo depoes e pra escola estuda muito e depoes da escola anda de bicicleta depoes joga bola brinca com meu gato brica com meus amigos saise. (M.G.F. 12 anos, 6º ano. E.E.F. Pauo Aragão)
SORVETI (= SORVETE) – A origem está no árabe shurba, que passou ao turco sherbet e daí ao italiano sorbetto, que, por sua vez, deu o francês sorbet. O português "sorvete" pode ter vindo diretamente do italiano ou do francês e teve ainda a influência analógica do verbo "sorver", já que o sorvete é um alimento que se sorve. Portanto, a origem do vocábulo é árabe, mas o étimo é francês ou italiano. (PASSOS, 2016). Assim como a palavra presidente, sorvete foneticamente é pronunciado como se o /e/ final fosse um /i/, sofrendo uma harmonia vocálica por causa da oralidade, portanto é um tipo de assimilação vocálica, em que as vogais de uma palavra se tornam foneticamente semelhantes a outra vogal. /s/ - /o/ - /r/ - /v/ - /e/ - /t/ - /i/
SHOPHIG (= SHOPPING) – É denominado um estrangeirismo inglês para a forma reduzida shopping center – estabelecimento comercial contendo variados serviços no mesmo local –. Enquadra-se como metátese, o fenômeno que consiste na troca de lugares de fonemas ou sílabas dentro de um vocábulo. Como também há o apagamento da consoante /n/. /ch-sh/ - /o/ - /p/ - /i/
DEVERSÃO (= DIVERSÃO) – palavra esta que veio do Latim divertere, ”voltar-se em outra direção”, formado por des-, “ao lado”, mais vertere, “virar-se, voltar-se”. A ideia aqui foi a de “voltar a cabeça” para outro lado que não sejam as preocupações. No presente caso, ocorre uma assimilação fonética inversa, que ao invés de assimilar a vogal /i/ o aluno representa o /i/ como /e/, pois em português o /e/ tem muitas vezes som de /i/. /d/ - /i/ - /v/ - /e/ - /r/ - /ç/ - /a/ - /um/
PAUMERAS (= PLAMEIRAS) – Palavra composta por 3 sílabas, paroxpitona, de origem da família Palmae das plantas que tem um tronco sem ramificações e grandes folhas no topo – morfologicamente dividida em palma (parte interna da mão) + o sufixo eira (exprime a ideia de ocupação). Sofre o processo de vocalização líquida lateral, que é a substituição da consoante /l/ pela vogal /u/, portanto vocalizando a palavra a partir da consoante construtiva lateral /l/. /p/ - /a/ - /l/ - /m/ - /e/ - /i/ - /r/ - /a/ - /s/
PISINA (= PISCINA) – Palavra composta por três silabas, paroxítona de origem latina piscina.ae. Enquadra-se como metátese, o fenômeno que consiste na troca de lugares de fonemas ou sílabas dentro de um vocábulo. Dentro da palavra há um dígrafo /sc/ que sofreu apagamento e/ou substituição absoluta pelo aluno no termo /s/. /p/ - /i/ - /s/ - /i/ - /n/ - /a/
POCO (= POUCO) – Advérbio; pronome indefinido e substantivo masculino. No trecho situa-se como advérbio, dividida em duas sílabas. Sofre monotongação: e apagamento da semivogal nos ditongos crescentes ou decrescentes (/o/ vogal + /u/ semivogal). /p/ - /o/ - /u/ - /c/ - /u/
PRA (= PARA) – Preposição de contração per + a = para, enquanto que o pra é a forma reduzida da mesma, ambas formas estão corretas, mas de acordo com a ortografia da língua portuguesa o pra é aceito apenas na linguagem falada enquanto que comumente o para é utilizado para as produções escritas. /p/ - /a/ - /r/ - /a/
PITIZA (= PIZZA) – Inicialmente ‘piza’ na Itália, mas antigamente veio do grego medieval petta, que significa torta ou bolo. Possui duas sílabas, quanto a tonicidade é classificada como paroxítona, a consoante /z/ assume diversos fonemas no português um deles é /ts/, pois devido ao alemão e ao italiano este fonema existe, como ocorre nestas palavras: ragazzo e Lazio em italiano, e zu, Zeichner e Zeit em alemão. Em português, onde historicamente representava o som /dz/, hoje representa /z/. Sofrendo, portanto, uma assimilação no decorrer do processo de narrativa acima. /p/ - /i/ - /t/ - /i/ - /z/ - /a/
DEPOS (= DEPOIS) – Da junção latina: (de + post). Pelo galego-português medieval depoys. É um adverbio de tempo, na ocasião está em decorrência do processo de monotongação: e apagamento da semivogal nos ditongos crescentes ou decrescentes. (/oi/ - vogal /o/ + semivogal /i/). /d/ - /e/ - /p/ - /o/ - /i/ - /s/
RESTOURANTI (= RESTAURANTE) – Classificada como paroxítona e dividida em quatro sílabas, veio do latim restaurare. Sofre harmonia vocálica, é tipo de assimilação vocálica, em que as vogais de uma palavra se tornam foneticamente semelhantes a outra vogal da mesma palavra (ger. a tônica); harmonização vocálica. /r/ - /e/ - /s/ - /t/ - /a/ - /l/ - /r/ - /an/ - /t/ - /i/
CELULA (= CELULAR) – Palavra oxítona quanto a sua tonicidade, dividida em três silabas. Adjetivo de dois gêneros e substantivo masculino, tem a sua origem no latim “cella”, que significa ‘cela, área que pertence a um conjunto, local fechado’. O vocábulo latino, por sua vez, veio de “cellare”, ‘esconder. Quanto ao dispositivo de telefonia móvel, este recebeu o seu nome a partir de “cells”, em inglês, ‘áreas em que se divide o território por ele alcançado, e que possui torres com antenas que retransmitem o sinal’. Na narrativa sofre o apagamento do /r/ mesmo não sendo um verbo de infinitivo. /c/ - /e/ - /l/ - /u/ - /l/ - /a/ - /r/
EXEMPLO 4:
IDENTIFICAÇÃO
P. H. O. da S, 7º ano. CSTI Maria Dias Ibiapina.
ITENS COM ERROS EXTRAÍDOS DAS REDAÇÕES
Sentrimito; face muta; legual; brica; cuando; taba; rusa; briquedo; si; crian;
IDENTIFICAÇÃO
P.H.O. da S, 7º ano. CSTI Maria Dias Ibiapina.
TEXTO
OBS: O texto está incompleto pela impossibilidade de identificação da letra e ortografia do aluno.
Se eu tivesse 10 sentrimito de altura eu podia face muta coisa legual como brica de esconde-esconde pricar de pega pega core pula e muita coi legal mesmo mas porem tem o lado ruim porque... Eu não pode mandar empirica cuando andamo taba... E na montanha rusa como todas as crian normal... Seus briquedo se porque[..]. (P.H.O. 11 anos, 7º ano. CSTI Maria Dias Ibiapina)
SENTRIMITO (= CENTÍMETRO) – A palavra centímetro, proparoxítona, e assim composta: centi- + ―́metro, prov. por influência do francês centimètre (1793) (no sentido definido). Um trabalho com ortografia em sala deve, pois, levar em conta o elemento de composição ―́metro: “pospositivo, do subst. de orig. gr. metro 'unidade de medida, do gr. métron; segundo as finalidades do conceito de 'medida' (versificação, mensuração em geral, mensuração do sistema métrico decimal). /s/ - /en/ - /t/ - /im/ - /e/ - /t/ - /r/ - /o/
FACE (= FAZER) – Verbo de segunda conjugação terminado em ‘er’, dividido em duas sílabas ‘fa-zer’, irregular, quanto a transitividade contempla todas estas modalidades: transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto, intransitivo e pronominal. Sofre de apagamento do ‘r’ como marca de infinito na devida narração do aluno. /f/ - /a/ - /z/ - /e/
MUTA (= MUITA) – Variação de feminino do advérbio de intensidade muito, podendo ainda ser classificando em outras situações como pronome indefinido e substantivo. É uma palavra paroxítona, dividida em ‘mui-ta’. Sofreu na narração monotongação: é uma tendência fonética histórica de apagamento da semivogal nos ditongos crescentes ou decrescentes. /m/ - /u/ - /in/ - /t/ - /a/
LEGUAL – Adjetivo de dois gêneros, que se refere às leis judiciais; estabelecido, definido, aprovado pela lei ou que nela tem sua origem. No sentido denotativo recebe o significado de algo bacana, adorável, amável ou belo. Podendo ser utilizado como advérbio também, é uma palavra quanto a sua tonicidade oxítona. Refere-se a tendência de troca do vocábulo fonologia por acomodação, recorrente no português, ex: veio > vei. /l/ - /e/ - /g/ - /a/ - /l/
BRICA (= BRINCAR) – Verbo regular de primeira conjugação terminado em ‘ar’, dividido silabicamente por ‘brin-car’, assume a transitividade de intransitivo, transitivo indireto e transitivo direto. Sofre de apagamento do ‘r’ como marca de infinito na devida narração do aluno. /b/ - /r/ - /in/ - /k/
COI (= COISA) – Adjetivo de dois gêneros e substantivo masculino. Aportuguesada de khoisan. Palavra paroxítona, comumente assume papel dos substantivos, adjetivos ou advérbios. /c/ - /o/ - /i/ - /z/ - /a/
EMPIRICA (= IMPLICAR) – Verbo de primeira conjugação regular, terminado em ‘ar’. Podendo ser transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto, intransitivo e pronominal, e no caso sofre mais de um processo, primeiramente o apagamento do ‘r’ como marca de infinitivo, depois sofre rotacionismo, que é a troca do [l] ou uma sibilante sonora, pelo [r] alveolar, assim como as falas do personagem famoso de Maurício de Sousa, “O cebolinha”. /im/ - /p/ - /l/ - /i/ - /k/
CUANDO (= QUANDO) – Possui um valor de advérbio, conjunção e pronome relativo, etimologia latina. Sofre assimilação pela fonética. /c/ - /u/ - /na/ - /d/ - /o/
TABA (= ESTAVA) – Verbo de primeira conjugação estar, caracterizado como irregular, ligação e auxiliar, quanto a transitividade: transitivo direto. Ocorre na situação uma afarese, que é a técnica de supressão de um fonema no inicio do vocábulo (ex: até, té; você, cê). /e/ - /s/ - /t/ - /a/ - /v/ - /a/
CRIAN (= CRIANÇA) – Palavra paroxítona, dividida em 3 sílabas, classificada como substantivo/ adjetivo feminino, quanto a etimologia (origem da palavra criança). (Criar + ança). Ocorre um apagamento do restante da palavra por parte do aluno. /c/ - /r/ - /i/ - /an/ - /s/ - /a/
BRIQUEDO (= BRINQUEDO) – A palavra brinquedo, paroxítona, dividida em 3 silabas, é um vocábulo registado desde o século XIX e derivado de brinco. O sufixo -edo deve estar relacionado com a madeira, material em que eram feitos os primeiros brinquedos, visto surgir normalmente em vocábulos relacionados com plantas: arvoredo, folhedo, etc. O substantivo brinco provém do vocábulo latino vinculum, que significa «atadura, pendente, pingente, enfeite». Segundo Antenor Nascentes, vinculum deve ter tido a seguinte evolução *vinclu > * vincro > * vrincu > brinco.( A. Tavares, 2008). /b/ - /r/ - /in/ - /q/ - /e/ - /d/ - /o/
EXEMPLO 5:
IDENTIFICAÇÃO
R. P. G. R, 7º ano. CSTI Maria Dias Ibiapina.
ITENS COM ERROS EXTRAÍDOS DAS REDAÇÕES
Crecis; porti; remédio; serto; brinco.
IDENTIFICAÇÃO
R. P. G. R, 7º ano. CSTI Maria Dias Ibiapina.
TEXTO
“Certo dia João nasceu o tempo foi passando ele não crecia e joao tinha apenas 10 centímetros, na escola ele foi apelidado de joãosinho por causa de sua altura, mas tinha um porem ele gostava muito e futebol, so que ele conseguia jogar bola muito bem por causa do seu pequeno porti so que joaosinho ainda tenta jogar. A mãe de joão não tinha dinheiro para banca varios remedios por eles eram muito caros, joao serto dia estava tentando jogar bola na rua de sua casa. Quando passou na rua um bando de crianças falando que ele não sabia jogar que ele nunca iria ser um jogador de verdade. Joao triste com isso ficou muito triste com isso e não jogou mas futebol. Até que um dia ele viu um grande jogado i voltou a jogar. No dia seguinte ele estava na quadra de sua escola brinco com uma bola mas ele não contava que um treinada em sua escola e viu o grande potencial de joaosinho foi convocado seu primeiro time... (R. P. G. R. 13 anos, 7º ano. CSTI Maria Dias Ibiapina)
BRINCO (= BRINCAR) – Verbo regular de primeira conjugação terminado em ‘ar’, dividido silabicamente por ‘brin-car’, assume a transitividade de intransitivo, transitivo indireto e transitivo direto. Sofre de apagamento do ‘r’ como marca de infinito na devida narração do aluno. /b/ - /r/ - /in/ - /k/
REMEDIOS (= REMÉDIOS) – Palavra proparoxítona, silabicamente dividida em quatro, possui a origem no latim “remedium”, que significa ‘recomendado para a cura’ ou ‘coisa que cura’. a palavra remedium teria se originado a partir da raiz indo-europeia med-, que também formou a palavra grega médomai, que pode ser traduzida como “pensar”, “meditar” ou “cuidar”. /r/ - /e/ - /m/ - /e/ - /d/ - /i/ - /o/
CRECIA (= CRESCIA) – Verbo crescer regular, intransitivo, de segunda conjugação terminado em ‘er’, sofreu o processo de assimilação por conta do dígrafo ‘sc’ no português algumas palavras são esquecidas ou assimiladas na forma ‘c’ reduzida.
SERTO(= CERTO) – Vindo do latim certus, a paroxítona que indica o adjetivo ou qualidade de seguro, sem erros e sem dúvidas, sofre assimilação regular na narração devido a fatores contextuais e sociais do aluno. Esta assimilação especifica chama-se progressiva: a que torna um fonema semelhante ao precedente.
PORTI (= PORTE) – Substantivo masculino, paroxítona. Etimologia (origem da palavra porte). Forma Regressiva de portar, o verbo de primeira conjugação ‘ar’, pelo o contexto foi substantivado por meio de um artigo. E está inserida no processo de harmonia vocálica, aquele as quais as vogais de uma palavra se tornam foneticamente semelhantes a outra vogal da mesma palavra
ANÁLISE DAS PRODUÇÕES TEXTUAIS
Através da análise de algumas redações do 6º e 7º ano foi possível analisar os mais profundos processos decorrentes da interferência de regras fonológicas variáveis graduais sejam eles simples como o apagamento da marca de infinitivo ‘r’ que se mostrou presente e unanime nas redações de ambas series, delimitando a deficiência que o português por ser uma das únicas línguas que fazem usem devido e regular do infinitivo impessoal ao conjugar um verbo.
Também foi possível destacar a assimilação como sendo um dos erros em alto índice dentre a pesquisa, fornecendo a informação de que os alunos muitas vezes se atem a fazer assimilações, ou seja, modificam os fonemas para aquele mais próximo, aquele que mais se assemelha dentro da palavra, seja a assimilação progressiva, regressiva ou total este fenômeno circunda os dados quanti-qualitativos da língua portuguesa.
Troca de consoantes, monotongação, metátese, apagamento de uma parte das palavras foram os fatores mais encontrados que de certa forma tangencia a grafia e comprometem a fidelidade da mensagem entre emissor e o leitor. Por meio dos aportes teóricos e fundamentados pelos erros de alçamento, assimilação, rotacismo, aférese, epêntese, desnasalização esta pesquisa focou em quantificar e distribuir dados, como a seguir representados e já mencionados anteriormente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desta presente pesquisa relacionada aos erros ortográficos cometidos pelos alunos de ensino fundamental das escolas de Sobral podemos inferir que de fato há uma aproximação significante da fala com a escrita, o modo como se usa para falar está vindo a interferir cada vez mais na maneira como os alunos escrevem, no entanto, considerar o processo de letramento e alfabetização recente dos mesmos nos mostra que seus vocábulos internos ainda estão sendo preenchidos aos poucos, visto que as séries de 6º e 7º decorrem de uma transição do período básico do ensino para os anos finais.
Tendo em vista as condições escolares, sociais e contextuais dos alunos e da escola a pesquisa que abordou o relato de uma redação remete aos fatores fonético-fonológicos e gramaticais para com as regras da ortografia. Através dos dados analisados constatou-se que assimilar os fonemas para substituí-los por algum o mais próximo possível é uma pratica recorrente do cotidiano dos alunos, assim como a pouca adaptação quanto a usar o infinitivo impessoal de sua língua materna, sem mencionar na tendência de apagamento das semivogais quando há a presença de um ditongo decrescente. Todas estas práticas permeiam em ambas escolas e são de fortes indícios, cabendo aos professores papeis ainda mais difíceis pois muitas vezes reverter o alfabeto fonológico e associativo requer um desdobramento imensurável.
Por fim concluímos a importância desta pesquisa para nós acadêmicos de letras, que contribuiu diretamente para a nossa formação profissional, construção de identidade e crescimento individual, como também permitiu uma reflexão sobre o ensino perante estes aspectos pouco explorados e até mesmo esquecidos e como estes estão sendo trabalhados nas salas de aula, impulsionando a todos nós para pesquisar, observar e traçar estratégias para debater mais e mais sobre isso e levar aos nossos alunos.
Podemos concluir a imensurável necessidade de abordagem deste tema para a disciplina de fonética e fonologia e dos futuros professores que nos tornaremos, foi portanto através da procura incessante por conhecimento que chegamos ao presente relatório com a validação de que o professor tem por além de seus papeis aquele de ser planejar, mas para tal faz-se necessário diagnosticar os problemas afim de traçar métodos eficazes para o crescimento e conhecimento de seus alunos, portanto é preciso pesquisar os problemas e posteriormente combate-los, logo buscar quais os erros ortográficos mais presentes no cotidiano dos alunos é um método de alavancar mudanças e propostas para a melhoria desta abordagem necessária mas que por muito se faz esquecida.
Referências
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WIKIPEDIA. Acessado em 09 de março de 2019. Disponível em:https://pt.wikipedia.org/wiki/Z
DUVIDA DICIO. Acessado em 10 de março de 2019. Disponível em https://duvidas.dicio.com.br/mim-ou-min/
FILOLOGIA. Acessado em 09 de março de 2019. Disponível em http://www.filologia.org.br/xix_cnlf/cnlf/07/017.pdf
DICIONARIO ETIMOLOGIO. Acessado em 07 de março de 2019. Disponível em https://www.dicionarioetimologico.com.br/remedio/
BRAINLY. Acessado em 09 de março de 2019. Disponível em https://brainly.com.br/tarefa/4712858
INFO ENEM. Acessado em 11 de março de 2019. Disponível em https://www.infoenem.com.br/como-a-acentuacao-pode-mudar-o-sentido-das-palavras/
PIRONATTO, Regina. Acessado em 09 de março de 2019. Disponível em http://reginapironatto.blogspot.com/2008/05/tipos-de-erros-ortogrficos.html
SIGNIFICADOS. Acessado em 11 de março de 2019. Disponível em https://www.significados.com.br/?s=algu%C3%A9m
Acessado em 08 de março de 2019. Disponível em https://hridiomas.com.br/origem-da-palavra-colher/
DICIONARIO INFORMAL. Acessado em 08 de março de 2019. Disponível em https://www.dicionarioinformal.com.br/colher/
Acessado em 09 de março de 2019. Disponível em https://www.silabas.net/index-pt.php?p=guarda-cadeira
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e ortografia. Educ. rev., Curitiba , n. 20, p. 35-42, Dec. 2002. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/er/n20/n20a06.pdf
GARCIA, Daiani de Jesus. A influência da oralidade na escrita das séries iniciais: uma análise a partir de erros ortográficos. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação – FaE. Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2010. Disponível em http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/123456789/1741/1 /Daiani_Jesus_Garcia_Dissertacao.pdf
GUIMARAES, Sandra Regina Kirchner et al . Consciência morfológica: que papel exerce no desempenho ortográfico e na compreensão de leitura?. Psicol. USP, São Paulo , v. 25, n. 2, p. 201-212, Aug. 2014 . http://www.scielo.br/pdf/pusp/v25n2/01036564-pusp-25-02-0201.pdf
(Nunes & Bryant, 2006; 2009).
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