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A MODERNIDADE FRAGMENTADA:

  • Foto do escritor: CADRINE
    CADRINE
  • 30 de ago. de 2019
  • 2 min de leitura

ANALISANDO A POÉTICA DE MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO E OS HETERÔNIMOS DE FERNANDO.


Mário de Sá-Carneiro foi um dos fundadores da Revista “Orpheu” em parceria com Fernando Pessoa e tantos outros nomes tais como, Raul Leal, Tomás de Almeida, etc. A poesia de Sá-Carneiro se constituía por uma crítica ao passadismo na revista, mas ao mesmo tempo o autor tornou-se original e característico ao ser reconhecido pela sua dispersão. Ele sentia tanta saudade de si que se dispersava de si mesmo, isto fica perceptível em todo a sua obra “Dispersão”, outro elemento que contemplava sua poesia era a nostalgia e a saudade, tal como um desejo de voltar. Há um “intersonho” em que o mesmo dialoga com o simbolismo e a forte presença da nostalgia, tornando-se um homem como um ‘sem destino’.


Em outra perspectiva temos Fernando Pessoa, que desde pequeno sempre foi um excepcional escritor, atentando olhares que boa parte das pessoas não se importavam. Deste modo podemos classifica-lo como poeta dramático que é capaz de sentir na pessoa do outro, seus heterônimos são a prova de esta despersonalização incompleta, pois em ambos há sempre questões semelhantes, mesmo quando Pessoa foi ortônimo.

Falar de Fernando Pessoa requer lembrar-se da incrível descoberta de escrever inventando-se nos outros, e mesmo que haja uma pluralidade de vozes todos tratam de forma irreal sobre a realidade. Em uma de suas carta a Côrtes Rodrigues, Pessoa revela que pôs em seus heterônimos o profundo conceito da vida, dos mistérios e a importância de existir.


Deste modo a fragmentação de Pessoa nos remete a pensar na construção racional e emocional afim de atingir os movimentos da época, bem como os heterônimos são uma resposta a modernidade e a sociedade múltipla, oscilante e dinâmica que cogitavam viver, só por meio deles seria possível sobreviver a este emaranhado de acontecimentos que Portugal passava no momento. O pais como sendo periférico para com os outros de primeiro mundo, mas ao mesmo tempo centro em relação as colônias, estabelecia assim um termo mediano para que o autor criticasse os acontecimentos.


Com Alvares de campos fomos capazes de entender a aderência ao moderno, a presença do futurismo, já Caeiro aquele que buscava escapar desta duplicidade, o não convencional, totalmente desapegado ao pensamento. E por fim, Ricardo Reis como um clássico eterno, buscando falar sobre a brevidade da vida e tomado pelo epicurismo e o carpe diem.


A heteronímia portanto não era cultivadora dos disfarces, representava de uma forma profunda a voz dos paradoxos e contradições divididas do ser Fernando Pessoa, estes estavam sempre irremediavelmente interligados, como um fio tênue, e de modo algum seria possível separá-los, tornando-os complexos por isso. Como diz Madalena Vaz Pinto “ á questão de verdade/fingimento da poesia pessoana é uma falsa questão, já que há muito o poeta passara para o outro lado do espelho. Ao perder a sua relevância, a heteronímia deixa vir à tona o que é de fato significativo: que ao multiplicar a simbologia do seu nome Fernando Pessoa diz-me, através da aparente fragmentação, da impossibilidade de ser uno. ”


REFERÊNCIA


(PINTO, Madalena Vaz. “ A festa da fragmentação”. In CULT. Revista Brasileira de Literatura No. 18, jan. 1999)

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